domingo, 19 de agosto de 2012

Vivendo nos anos 50

A gente morre de amores pelas saias rodadas, pelos eletrodomésticos coloridos, pela rock dançante, pelos topetes emplastados de creme. A gente ama os anos 50 e 60. Mas ama hoje.


A mocinha se veste como antigamente, enrola os cabelos, passa o delineador tipo "gatinho" nos olhos e pega o metrô pra ir dançar na festinha mais quente da cidade, junto com suas outras amigas, todas à caráter e seus amigos topetudos.
Eles dançam, bebem, fazem o que bem entendem, e namoram quem eles bem entendem.
Se o cara respeitar, conquistar e cuidar da mocinha, pode sim, ser um candidato à namorado, senão, passa pro fim da fila.
Aliás, a fila anda muito, e se não der certo, adeus.
Hoje em dia, é assim. Antigamente não.




Seus pais escolhiam alguém que julgassem adequado, ou, financeiramente aceitável.
E você era obrigada a conhecer o rapaz e passar o resto da vida com ele. Isso a partir dos seus 16, 17 anos, pois quem passava dos 30 anos e não era casada, acabava ficando "pra titia" e perdia o interesse das pessoas.
Hoje você não se imaginaria casadinha, novinha, com uma renca de filhos pra cuidar, uma casa inteira para dar conta, e um marido que com sorte, você poderia amar.
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Se ele fosse feio, chato, rabugento, agressivo, garanhão, amém, era com isso que você que teria que lidar pro resto da vida.
Aliás, a sua sexualidade seria completamente limitada. Você só conheceria um homem na vida, fosse bom ou ruim, era assim. Se você tivesse prazer ou não, era assim.
Se rolasse química, com certeza, você seria uma mulher de sorte e rezaria pro resto da
vida para que seu marido não arranjasse outra.
Porque isso sim, era bastante comum, a mulher não poderia dar um pio e se desse, ainda corria o risco de ficar mal falada na cidade.



Mas, os anos 50 tinha seu lado bom, imagina ter a possibilidade de ir no show do Elvis? Com ele vivinho, lindo e rebolando na sua frente?
Pois é, na verdade não seria só pegar o metrô ou o seu carro e curtir um show com a galera.
Elvis era um cara danado, 'o capeta' falaria sua mãe, que te proibiria terminantemente de ir num local desse.
Imagina só! Garota que sai pra dançar é mal falada e não arranja marido!
Mas, você como seria uma adolescente com o quarto forrado de posters do rei diria para a mãe que iria dormir na casa da amiga (e ela, diria o mesmo) e juntas pulariam as janelas e iriam escondidas ao show.
Lá, encontrariam mais centenas de meninas foragidas e rebeldes, com suas saias rodadas, fitas no cabelo e gritariam até ficarem roucas quando Elvis aparecesse.
Depois iria pra casa, satisfeita por ter tido a melhor noite da sua vida, mas se sentindo culpada por ter desobedecido seus pais.
E seu pai te bateria de cinta e te proibiria de sair de casa por 1 mês.
E sua mãe, arrancaria todos os posteres do quarto, colocaria dentro de uma mala com as revistas, recortes e vinis do rei e atearia fogo, ou levaria para o lixão, assim como fez a minha vó com todo o material da época que minha tia tinha dos Beatles.
Aí, chegaria aquele momento crucial, onde seu pai arranjaria um bom pretendente para ver se você sussegava o rabo, e ele iria todo engomadinho pedir sua mão em casamento.




Ou você aceitava e teria a mesma vida de sua mãe, ou você fugiria de casa com o que restava das suas roupas e iria para a cidade grande, onde ninguém te conheceria.
Na cidade arranjaria emprego de secretária, datilógrafa, costureira, pois eram os empregos permitidos às mulheres.
Se desse a sorte de estudar, poderia ser professora, quem sabe.
Mas, nada de engenheira, dentista, médica, empresária, pois eram carreiras destinadas aos homens.
E na cidade grande, quem sabe você desse a sorte de encontrar um homem mais moderno, aberto às novidades, menos preconceituoso, que aceitaria essa mulher dona do próprio nariz. 
Se não encontrasse, provavelmente, só lhe restariam homens casados, por quem
você se apaixonaria. E ele, sempre que te visse, prometeria que largaria a mulher e os cinco filhos. Coisas que nunca aconteceriam.




Com muito esforço, você teria seu próprio carro, quem sabe até aquele cadillac que hoje permeiam nossos sonhos e os ensaios fotográficos.
Mas amiga, sinceramente, não haveria espaço para você na sociedade.
Mulheres idolatradas hoje como Marilyn Monroe, Betty Page, entre tantas outras divas, eram vistas pela sociedade como mulheres de vida fácil e, que dificilmente, se encaixariam na sociedade comum se não fosse pelo meio artístico onde permaneciam.


Sofriam preconceito e só encontraram espaço no ambiente machista onde sexo era trocado por pontas em filmes da época.
A feminilidade e elegância da época que sentimos falta nos dias de hoje, era imposta às mulheres, não escolhida.
A mulher não escolhia a carreira, o marido, se ia ou não ter filhos, e as que se revoltaram contra isso, e abriram mão de uma vida calma e tranquila por uma vida de lutas e preconceitos, foram as responsáveis pelo mundo em que vivemos hoje.
Hoje, você põe a saia rodada, enrola o cabelo, escolhe o tamanho do salto e o tom do batom vermelho, mas escolhe também o que quer pra si mesma. 
Decora a casa toda como nos anos 50, espalha posters de Elvis, Cash e Gene Vincent, mas faz do seu jeito. À sua maneira.
Assim vale a pena, viver a vida com a beleza dos anos passados, mas com a liberdade dos anos de hoje.
Portanto, pense melhor quando disser: "Deveria ter nascido nos anos 50"..


hehe..


FONTE

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